Aventuras etnográficas entre os indígenas canoeiros: a trajetória da linguista Adair Pimentel Palácio com os argonautoas Guató no coração do Pantanal Sul-mato-grossense.
Palabras clave:
Língua, Indígenas Guató, Etnografia, Complexidade, Adair PalácioResumen
Iniciamos esta discussão com os dizeres do linguista brasileiro Aryon Dall'Igna Rodrigues (2005, p. 36): “A redução de 1200 para 180 línguas indígenas nos últimos 500 anos foi o efeito de um processo colonizador extremamente violento e continuado, o qual ainda perdura, não tendo sido interrompido nem com a independência política do país no início do século XIX, nem com a instauração do regime republicano no final desse mesmo século, nem ainda com a promulgação da ‘Constituição Cidadã’ de 1988”. Dito isso, Adair Pimentel Palácio foi a primeira pesquisadora brasileira da área da Linguística Indígena a defender uma tese de doutoramento, o pioneirismo ocorreu no ano de 1984 na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), justamente sob a orientação do professor Aryon. Dito isso, nosso objetivo neste artigo a priori é analisar a tese da autora: “Guató, a língua dos índios canoeiros do rio Paraguai”, assim sendo, sua investigação centralizou-se sobre a cultura canoeira Guató de Corumbá, localizado no Estado de Mato Grosso do Sul (região Centro-Oeste do país) — conhecida do ponto de vista da história, arqueologia e antropologia como verdadeiros “argonautas do Pantanal” (cultura indígena com sério risco de extinção). Mediante isso, a ideia original da autora ainda nos anos de 1970, era debruçar-se sobre uma língua étnica até então não estudada (à época existiam por volta de 40 línguas nesse sentido). Dado o exposto, a linguística etnográfica impulsionada por Palácio focou, sobretudo, na gramática, morfologia, fonologia e sintaxe da referida cultura ameríndia. Portanto, o resultado comprovou que a língua Guató é extremamente complexa, performática e desuniforme a operar de forma transitiva e intransitiva (transfigura em forma tônica baixa e alta). Portanto, corroborar-se-á que essa pesquisa não teve a pretensão de analisar e exaurir os conceitos de natureza linguístico-antropológica descrita pela autora, mas, sim, registrar as suas angústias, inquietações e reflexões histórico-etnográficas acerca da cultura fluvial Guató no bosque pantaneiro.