O gênero autobiografia na obra "Memórias de Índio: uma quase autobiografia" (2016), de Daniel Munduruku.
Palavras-chave:
Autobiografia, Literatura indígena, História, MemóriaResumo
Na literatura indígena, são recorrentes referências às coletividades indígenas, narrativas acerca de aspectos culturais peculiares de um povo indígena em particular e até narrativas de caráter autobiográfico. A obra “Memórias de índio: uma quase autobiografia” (2016), de Daniel Munduruku, constitui o objeto de análise do presente artigo, que objetiva discutir o gênero autobiografia na referida obra. Para tanto, após abordar brevemente a autobiografia enquanto narrativa entre a literatura e a história, e relacionar literatura indígena e essa modalidade de escrita de si, passa-se a analisar a escrita de caráter autobiográfico na obra de Daniel Munduruku anteriormente mencionada. As discussões da pesquisa bibliográfica estão fundamentadas a partir do pensamento de Arfuch (2010), Bakhtin (2017) e Eakin (2019), de autores indígenas, como Danner, Dorrico e Danner (2020), e da obra de Munduruku já referida. Verificou-se que Munduruku ressignifica o gênero autobiográfico ao utilizá-lo enquanto recurso, a partir de uma perspectiva estético-política, com o intuito de denunciar as contradições e violências simbólico-materiais da Modernidade, disseminar aspectos culturais dos povos indígenas e alimentar a esperança, a utopia por libertação.